segunda-feira, junho 16, 2008

Salvo aquele


foto: Jorge Casais

Você não precisa de um homem! – ele disse.
Mas quem ouvi foi meu pai.
O primeiro homem a me avistar, viu-me assim:
Desfilando, plena, soberba.
Convencida por ele, por mim e agora você.
Não. Você não precisa de um homem! - ele repetiu.
Preciso! Talvez não de um abrigo, comida ou uma cria,
mas preciso de um homem para ter a quem dar
os sorrisos, que brotarão por ser ele.
Preciso de um homem que não me carregue,
mas que carregue um tanto de sonhos,
desejos, medos e tristezas.
Preciso de um homem, não sei se me escuta.
Talvez valente,
às vezes covarde.
Como eu,
como ela,
aquela,
que não precisa de um homem,
salvo aquele,
descoberto nos desenhos,
procurado entre tantas palavras,
que senta no seu coração.