sexta-feira, agosto 14, 2009

Beijo



Chegas a ser cruel quando vagas pelo corpo aflito
e esqueces da boca a farejar nova emoção.
Mas quem poderia ser mais bendito,
que o beijo a sair da boca com tanta intenção?

Vem beijo contido,
que instiga a alma a derrubar o cerco,
que o medo de ser feliz no abrigo impingi ao coração.
vem beijo, mas vem bem de mansinho,
que só a seu tempo
aprenderás o caminho dos que buscam comoção.

Beijos traídos. Beijos mal dados. Beijos de abrigo.
Seguem beijos partidos.
Beijos roubados.
Beijos de amigo.

E se o beijo for violento,
sereno, fogoso, ou até com pudor,
que seja sempre beijo faminto,
os que procuram a paixão.
E envolvem, entorpecem, entornam,
só em deferência ao amor,
e nem por isso são cientes do poder de levar ao chão.

E quem há de beijar por beijar a boca,
há de conhecer o beijo camaleão,
ora maldito, vadio, ora calmo ou beato,
mas a toda hora querendo vazão.
E nem os beijos mais distraídos
hão de se descuidar em vão,
até eles perseguirão a chama,
que não se apaga na razão.

Beijo, beijo, são tantos os beijos
que até mesmo eu, um sonhador,
não me decido por qual dos beijos bate a minha ilusão.
A que me tenta e pela qual me entrego
tão poucas vezes ao amor,
os beijos, os sonhados beijos,
que um dia anunciarão a invasão.

E chegarão com calma, pela boca.
Com vida, pela nuca.
Com rima sobre o corpo.
Me levarão a alma, pelo fogo,
sem saída, agora nua,
perdida no seu porto.

1 Comments:

At 5:10 PM, Blogger Luiz Galvão said...

Nossa Mari..que lindo!

 

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