terça-feira, março 09, 2010

Uma janela

Uma janela vale uma vida.
Uma vida abre uma porta.
Uma porta serve a rua.
Uma rua cruza a outra.

Uma outra leva quem amo.
Amo tantos buscando alguém.
Quem saiba falar bobagem,
coragem que poucos têm.

Amém diz quem tem medo,
ledo engano que convém,
mas quem enfrenta o medo,
cedo sofre o que o outro tem.

Trem bom é compreender a sorte,
de ter norte e amar alguém.
Quem não espere a morte
e suporte ser feliz com o que tem.

Nem que seja a esperança
na diferença do que se funde,
confunde quem não vê graça
na raça de quem fecunde.

Se curve a quem mereça
e esqueça quem for confuso.
Se o fuso faz diferença
a crença tem pouco uso.

No mundo sempre desando,
ando buscando refúgio,
não fujo, mas persigo um diabo,
que dê cabo e não fuja do assunto.

E junto à paixão que diverte,
converte o amor que procuro,
mas no escuro quem é que enxerga
a brecha que ameaça o muro?

E rumo conforme o discurso,
mas em curso todos pagam o preço,
do apreço, que vai lá no fundo,
no fundo, tudo é só recomeço.

Começo sempre pelo amor,
a fé que não quer ser contida,
habita além da janela,
uma janela vale uma vida.