sábado, novembro 10, 2007

Amigos


foto: Antônio Jorge Nunes



É sábado, mas trabalho,
finjo, na verdade escrevo
e na busca de inspiração fui ler poemas.
Para que?
Lembrei de um monte de gente,
que conheço e que nem reconheço mais
gente igual a todo mundo,
como eu, com poucos amigos.
Pensei como um amigo é um presente especial,
um lugar que não se ocupa facilmente
tem dois lados desiguais
e assim como a paixão,
uma química ardente.

E fazendo comparação com o amor,
lembrei que a amizade também é construída no exercício da vida.
com o tempo, a entrega, o respeito,
todos difíceis de se exercitar.
todos difíceis de esperar.

E ainda pensando na amizade
lembrei de abraços,
daqueles que deixam a gente seguro,
que aperta, amarra laços.

Mas do jeito que anda minha vida
sempre aparece quem me veja mais bela contida pela dor
estes eu não abraço, nem serão meus amigos.
Estes não provarão do meu calor.

E quem me imagina sofrendo,
mesmo eu estando,
não me imagine perdida,
não sou quem fica esperando.

E dos poemas que fui ler
gosto é dos fortes, delicados, intensos,
os que provocam sem saber
as duas mulheres que exerço.

Pois mesmo quem sabe da minha história
nem sempre entende as duas que me habitam.
Uma a cheia de graça,
a outra, que se recente da vida.

A cheia de graça, entrego a todos,
amigos, família, desconhecidos,
todos que a queiram.

A outra,
apesar de muitas vezes me ocupar inteira,
guardo-a como um segredo,
um segredo só para amigos.

É ela quem leva minha fragilidade,
a difícil aceitação de precisar do outro,
de não ser completa.
Não abro essa guarda fácil,
não a revê-lo a qualquer promessa.

Mas voltando aos poemas que li.
que nem sabiam quem eu era,
confesso,
foram poucos os que me deixei abraçar,
semear na minha terra.