domingo, janeiro 25, 2009

Eu e Matilde



Eu admirava Matilde,
sedutora e atrevida,
mulherzinha boa de briga,
rápida na devolução.

Direta com as palavras,
arrogante como a verdade.
Ora um poço de doçura,
ora ácida como o limão.

A seu lado a vida era colorida,
qualquer coisa merecia uma festa
e toda noite uma nova posição.

Matilde era tudo de bom:
um balde de água fria,
no mais quente verão.

Mas um dia Matilde morreu.
Levou suas histórias,
seus conflitos,
suas tantas lágrimas, beijos e sorrisos.

Partiu sem se despedir, como nunca imaginei.
Não se desculpou, como esperei.
Não prometeu amor eterno,
como tantas vezes fez.

Não quebrou um copo ou
esqueceu uma chave.
Não deixou um bilhete
ou instruções.

Matilde partiu com o vento
e nunca mais pisou meu chão.