quinta-feira, novembro 30, 2006

beijo


Foto: Vitor Caralas

Chegas a ser cruel quando vagas pelo corpo aflito
e esqueces da boca a farejar nova emoção.
Mas quem poderia ser mais bendito,
que o beijo a sair da boca com tanta intenção?

Vem beijo contido, que instiga a alma, a derrubar o cerco,
que o medo de ser feliz no abrigo, impingi ao coração.
vem beijo, mas vem bem de mansinho, que só a seu tempo,
aprenderás o caminho dos que buscam comoção.

Beijos traídos. Beijos mal dados. Beijos de abrigo.
Seguem beijos partidos. Beijos roubados. Beijos de amigo.

E se o beijo for violento, sereno, fogoso, ou até com pudor,
que seja sempre beijo faminto, dos que procuram a paixão.
E envolvem, entorpecem, entornam, só em deferência ao amor.
E nem por isso são cientes do poder de levar ao chão.

E quem há de beijar por beijar a boca, há de conhecer o beijo camaleão,
ora maldito, vadio, ora calmo ou beato, mas a toda hora querendo vazão.
E nem os beijos mais distraídos hão de se descuidar em vão,
até eles perseguirão a chama, que não se apaga na razão.

Beijo, beijo, são tantos os beijos que até mesmo eu, um sonhador,
não me decido por qual dos beijos bate a minha ilusão.
A que me tenta e pela qual me entrego tão poucas vezes ao amor,
os beijos, os sonhados beijos, que um dia anunciarão a invasão.

E chegarão com calma, pela boca,
Com vida, pela nuca,
Com rima sobre o corpo.
Me levarão a alma, pelo fogo,
sem saída, agora nua,
perdida no seu porto.