terça-feira, agosto 26, 2008

Um jeito...



Saudade do coração apertado
do sangue fervendo
da noite passada,
guardando segredos.

Queria voltar a amar.

Ando com saudade das rimas
que só os apaixonados
conseguem escutar.

Queria voltar a sorrir
recorrentemente,
algumas vezes, sem perceber,
mas em todas me encantar.

Queria guardar no presente
alguns dias do passado.
Intactos,
sem marcas
ou novos ares para desbotar.

Queria mais um romance,
só mais um amor,
um homem louco,
mas só pelo meu jeito de beijar.

domingo, agosto 24, 2008

Um dia, não hoje!



foto: Nuno Queiroz

Um dia enlouqueço.
Prometo!
Em um dia de muita chuva,
enlouqueço.

Sei que enlouqueço,
um dia esqueço
o que é ser racional.

Para que tantos recursos,
ser um poço sem fundo,
ser tão capaz?

Para enlouquecer.
Só pode ser,
só digo sim,
mesmo sem poder mais.

Enlouquecer
é a lucidez
que me faz sorrir
longe da paz.

domingo, agosto 17, 2008

Ocupada


foto: José Luis Mendes


Não tenho saudade de ontem,
se passou, não tem mais serventia.
Nem espero o amanhã,
que nunca chega.

Falta-me paciência.
Por isso, desembrulho o presente ansiosa.

E não importa o que encontre,
nem em qual conjugação,
não sou senhora do meu destino,
cabe tão pouco às minhas mãos.

Mas não me eximo das escolhas,
do esforço,
da coragem,
ou de lutar.

Preciso manter-me ocupada,
é o que tenho
para não me enfadar.

sábado, agosto 09, 2008

Pousar


foto: Carlos Loff Fonseca

É um perigo voar alto.
Do alto se perde os detalhes,
os que guardam segredos,
revelam verdades.

Mas vôo alto.
Sempre vou as alturas,
e não há como andar nas nuvens
e também se sentir segura.

E sonho tão alto, tão grande, tão longe,
que penso em me perder,
mas vêm as escolhas, pra que?

Volto ao meu caminho,
onde a graça é viver sem você.
Parece fácil,
não tenho nem o que esquecer,

E quem me olhar voando,
não há de compreender,
que vôo sob a ameaça
da tentação de pousar em você.

sexta-feira, agosto 01, 2008

O mérito




foto: Vitor Nunes

Você já sentiu a alegria de ser retribuído,
desejado, querido, amado?

Leu e escreveu o amor,
foi feliz por ter a inspiração
e sonhou à vontade?

Esqueceu dos problemas,
voou sobre a realidade,
o dia a dia, as frivolidades?

Provou a paixão que colori,
a rotina nas nuvens,
a faísca, até quando chove?

Então foi feliz com pouco,
mas sentiu de tudo,
e foi pura fé.

E também deve ter acreditado em destino,
em caminhos traçados,
em ler escito no céu?

Que sorte!