Talvez

Palavras não são sentimentos,
nem sentimentos se revelam em palavras.
No máximo, interagem no terreno das intenções.
Das trocas e, por vezes, declarações,
que morrem com as palavras,
com os sentimentos,
que nunca passam
de considerações.

Eu, ela e aquela

Se eu fosse aquela
doce e meiga donzela,
tranquila,
no máximo, tagarela
e acatasse as recomendações.

Ah! Se eu fosse como ela,
bonitinha e amorosa,
delicada com as palavras,
até na insatisfação.

Se fosse, seria aquela,
uma que adorna o dia a dia,
se faz de mobília,
mas não estraga as mãos.

Não sou ela ou aquela.
Hoje, nem sou mais como eu era.
Às vezes, nem sei se o que sinto,
sinto por ela, por mim ou por aquela,
que mora onde eu nunca estou.

Não combino muito com este mundo,
mas, se é o que tenho...
o jeito é destoar.

Leve e sem razão

Vou desistindo dos sonhos,
debochando da esperança,
esquivando-me das aventuras.

Vou reconhecendo o que resta,
as mentiras e promessas,
os erros e as amarguras.

Vou driblando a bola furada,
as armadilhas inusitadas,
os descompassos do coração.

Vou trocando mágoas por balas,
trapaças por “não sei disso”,
somando grosserias e
subtraindo indignação.

Vou aprendendo que amor
pede conveniência,
do contrário a preferência
quem leva é a solidão.

Por isso, vou do jeito que dá,
evito as dores que posso,
convivo com o que me cabe,
vou aqui e a acolá.

Cada vez mais leve,
sozinha,
distraída
e sem razão.

Sem força

Ah! meu Deus,
só queria dizer adeus,
mas nem com Deus
consigo mais falar.

Desculpe

Ando sem tempo para os amigos.
Um inimigo toma todo o meu tempo.