terça-feira, outubro 27, 2009

Saio caro


Sou muito mais tola do que pensava,
mais velha do que me vejo,
menos loira do que talvez gostaria.

Sou meio sem graça,
principalmente, naqueles dias.

Sou sensível à luz do dia
e me derreto no escuro.
Sou uma fera quando é preciso
e uma mocinha quando perco o rumo.

Não sou o que gostariam,
nem o que imaginaram,
mas posso ser melhor que a encomenda,
só vai custar mais caro.

quinta-feira, outubro 22, 2009

Ensinar

Sei que sabes muito,
então explique-me o que acontece?
Mas, antes que seus sentimentos
migrem para o mundo das palavras,
coloque-se no meu lugar.

Reúna todas as informações que tiver sobre mim
e imagine onde estou,
quem sou,
o que me move
e pelo que espero.

Feito.
Não tenha reação antes de me olhar mais uma vez em silêncio.
Tenha paciência com seu raciocínio.
Dê-lhe a oportunidade de reavaliar,
repensar, reviver os fatos sob um novo prisma.
Dê-lhe a oportunidade de atestar que a vida engana,
que a imagem distorce,
que o acerto erra.

Concluído.
Olhe-me nos olhos como um convite.
Permita que me aproxime,
que sinta o território propício para um encontro.
Um encontro em meio a tantos desencontros.
Um encontro cristalino,
um encontro generoso,
confiável.

Cumprido.
Abrace-me com a força do silêncio sem pressa,
como quem sabe se fazer esperar.
Enquanto memorizo cada passo que destes
e, antes mesmo de te ouvir,
tenha tempo de mostrar
o quanto podes me ensinar.

sexta-feira, outubro 16, 2009

Música


Diminuta, alegre, misteriosa.
Notas para indicar o tom,
detalhes para informar o timbre,
o estilo, o compasso.

O mistério vai se desvendando,
os intervalos do silêncio vão argumentando,
se apresentando,
me explicando.

Agora sim,
está explicado o meu amor por você.
A música me explicou
o quanto é complexo e adorável esse som do querer.

sexta-feira, outubro 09, 2009

TEMPO TOLO

Tempo não sejas tolo,
perdoe-me,
pois não zombo de ti.

Só não entendo essa mágoa à toa,
pois para mim o covarde é você,
que só pensa em partir.

E se me escondes as intenções
e eu sem tempo as esqueci,
porquê me faz correr atrás de ti agora
e me reservas como paga
ameaças ao tempo que está por vir?

Logo eu,
que nunca perdi tempo,
só te julguei sem fim,
quer o posto que daria a um velho amigo,
que não tem mais tanto tempo para mim?

Será que esqueces
o quanto já fostes bondoso,
um amante generoso,
quando eu nem pensava em ti?

Ora tempo,
não sejas tolo,
sempre te amei
e jamais ousaria por a culpa em ti.

Mas sei quando não me perdoas,
o que pensa e nunca me diz,
que te entregastes esse tempo todo
e eu só fiz de ti o que bem quis.

domingo, outubro 04, 2009

Dúvida


Há quem diga que sou dura,
cortante,
de muitas palavras
e poucos modos,
que fala o que pensa
e faz o que fala.

Mas sou poeta.
Só busco rima para  amor e dor.

Por isso, perdoe-me o atrevimento,
mas não poderia ser o seu conteúdo
que contamina o meu teor?