segunda-feira, junho 30, 2008

Onde você coloca o sal? (e-mail da Beth)

O velho Mestre pediu a um jovem triste que colocasse uma mão cheia de Sal em um copo d'água e bebesse.
-'Qual é o gosto?' - perguntou o Mestre.
-'Ruim' - disse o aprendiz.
O Mestre sorriu e pediu ao jovem que pegasse outra mão cheia de sal e levasse a um lago.
Os dois caminharam em silêncio e o jovem jogou o sal no lago.
Então o velho disse:
-'Beba um pouco dessa água'.
Enquanto a água escorria do queixo do jovem, o Mestre perguntou:
-'Qual é o gosto?'
-'Bom!' disse o rapaz.
-'Você sente o gosto do sal?' perguntou o Mestre.
-'Não' disse o jovem.
O Mestre então, sentou ao lado do jovem, pegou em suas mãos e disse:
'A dor na vida de uma pessoa não muda. Mas o sabor da dor depende de onde a colocamos.
Quando você sentir dor, a única coisa que você deve fazer é aumentar o sentido de tudo o que está a sua volta.
É dar mais valor ao que você tem, do que ao que você perdeu.
Em outras palavras: É deixar de Ser copo para tornar-se um lago.

domingo, junho 22, 2008

No alvo


foto: Rui Gouveia

Comandemos nossas guerras,
mesmo sem patente,
sem ter treinamento
para tantas missões.

É nas longas lutas,
onde até as tréguas
são surpreendidas pela traição,
que a vida urge,
que o medo morre,
sem a alternativa da ressurreição.

Quando só nos resta
refazer os planos,
recomeçar a vida,
sem tremer o corpo
ao som dos canhões.

O ruído é forte,
a dor bem profunda,
mas o que impressiona
é o exagero,
o inexplicável
para o frágil alvo
que é o coração.

sábado, junho 21, 2008

Errado?


foto: Guilherme Limas

Quem nunca gostou da pessoa errada,
esconde seu coração.
Ninguém controla o raciocínio,
que norteia uma paixão.

Não adiante bagagem,
experiência,
ou graduação.
Mas vale o aprendizado,
que não tem recuperação.

Chora, quem procura respostas.
Ama, quem entende a lição.

Fácil diverte-se com a arruaça,
que vê beijo no aceno de mão.
Mais quer coisa com mais graça,
que sonhar com um simples esbarrão.

Se tem preço um só suspiro,
deve ser mais de um milhão,
E acreditar que se foi correspondido,
vale quanto essa emoção?

Não me venha com certo ou errado,
antes fosse essa a questão.
A retribuição é a alquimia,
que faz do errado,
a melhor coisa para o coração.

segunda-feira, junho 16, 2008

Salvo aquele


foto: Jorge Casais

Você não precisa de um homem! – ele disse.
Mas quem ouvi foi meu pai.
O primeiro homem a me avistar, viu-me assim:
Desfilando, plena, soberba.
Convencida por ele, por mim e agora você.
Não. Você não precisa de um homem! - ele repetiu.
Preciso! Talvez não de um abrigo, comida ou uma cria,
mas preciso de um homem para ter a quem dar
os sorrisos, que brotarão por ser ele.
Preciso de um homem que não me carregue,
mas que carregue um tanto de sonhos,
desejos, medos e tristezas.
Preciso de um homem, não sei se me escuta.
Talvez valente,
às vezes covarde.
Como eu,
como ela,
aquela,
que não precisa de um homem,
salvo aquele,
descoberto nos desenhos,
procurado entre tantas palavras,
que senta no seu coração.

quarta-feira, junho 11, 2008

Medo



foto: José Eduardo

Se tivesse medo da solidão,
não estaria sozinha.

Se tivesse medo da miséria,
certamente, seria mais rica.

Se tivesse medo da dor,
pouparia-me de cicatrizes.

E se tivesse medo do amor,
não teria o coração tão triste...

Ensinaram-me a coragem.
Seria mais útil:
por que o medo existe?

segunda-feira, junho 09, 2008

Amanhã



foto: José Luis Mendes


Que não seja hoje,
mas seja.
E não me culpe por ontem,
pelo que se foi.
Meu compromisso é com o amanhã,
que virá pela manhã.
E são tantas que se parecem,
que bem poderia ter sido a de hoje de manhã,
a que se foi,
a que só a saudade alcança,
e a deixa a mais bela,
só para provocar.

E eu,
prendo-me no ontem,
temendo novas manhãs,
esqueço quem tantas vezes me despertou.
Uma manhã como a de hoje,
mais uma ligeira que passou.

terça-feira, junho 03, 2008

Ninguém escapa


foto: Marcelo Schmiliver

Até o ferro,
tão resistente,
se dobra com o calor.
Até o gelo,
que pouco sente,
derrete na palma da mão.
Até a morte,
sempre tão fria,
padece se a cria tem dor.

Até quem é feito de ferro, de gelo e de morte,
cai diante do amor.