domingo, novembro 22, 2009

Perguntas

Você sabe amar?
Quem?
A quem você ama e faz bem?
Ou amou?
A quem amaria e não amou?
Quem mereceu seu amor, mas não provou?
Quem não mereceu e levou?
Quem você amaria de novo?
Quem amaria para sempre?
Alguém que te amou cegamente
ou quem te cegou de amor?
Você já amou de verdade?
E a sua verdade, alguém já amou?
Quem?

quinta-feira, novembro 19, 2009

Saudade

Saudade da tua conversa,
das noites em claro,
do beijo na testa.

Saudade do teu atropelo,
da tua risada,
do “mãe não me aperta”.

Saudade de não ter saudade,
de te ouvir me chamar
para mais uma festa.

Saudade, ai que saudade
daqueles dias,
não dos que restam.


terça-feira, novembro 17, 2009

Engole a seco

Quer ler a bula para se decidir?
Não tem bula.
Não tem composição estável,
não tem efeito previsível,
não tem sequela estimada.
Não tem fórmula patenteada
nem seguro de vida.
Tem só uma mulher atrevida,
ainda com medo da vida,
disposta a se arriscar.

quinta-feira, novembro 12, 2009

Fui


foto: José Vaz Meneses

Não sei dizer quem sou,
para onde vou
ou o que me leva a ir.
Só sei que vou,
apesar do custo de partir.


quarta-feira, novembro 11, 2009

O que mereço?

Não me diga o que fazer,
pouco adianta.
Nem tente me conter,
não vale a pena.
Não me ensine como viver,
pois não aprendo.
Não se incomode em me dizer
o que mereço.

segunda-feira, novembro 09, 2009

Ouça

Enquanto os sentimentos
não sabem por onde ir
a rima não vem,
as palavras não se encaixam,
a inspiração não se entende.

A poesia não tem segredo,
mas tem sentimento.
Sem ele não se escreve uma estrofe,
não se revela um desejo,
não se desabafa uma dor.

Não tem mistério,
basta escutar o coração.

quinta-feira, novembro 05, 2009

Eu e Matilde

Admirava Matilde,
sedutora e atrevida,
mulherzinha boa de briga
rápida na devolução.

Direta com as palavras,
arrogante como a verdade.
Ora um poço de doçura,
ora ácida como o limão.

A seu lado a vida era colorida,
qualquer coisa merecia uma festa
e toda noite uma nova posição.

Matilde era tudo de bom:
um balde de água fria,
no mais quente verão.

Mas um dia Matilde morreu.
levou suas histórias,
seus conflitos,
suas tantas lágrimas, beijos e sorrisos.

Partiu sem se despedir, como nunca imaginei.
Não se declarou, como esperei.
Não prometeu amor eterno
como tantas vezes fez.

Não quebrou um copo ou
esqueceu uma chave.
Não deixou um bilhete
ou instruções.
Confundiu-se com o vento
e nunca mais pisou meu chão.