rima-mari-rima
Novas postagens pelo menos aos domingos. Será uma honra a reprodução de qualquer um dos poemas na web, mas peço o favor de manter a autoria (Mari Marinaro), a integra (título e versos) e, se possível, o endereço do blog. Obrigada, Mari Marinaro TODOS OS POEMAS POSTADOS TÊM O DIREITO AUTORAL REGISTRADO NA BIBLIOTENA NACIONAL
quarta-feira, janeiro 31, 2007
domingo, janeiro 28, 2007
quarta-feira, janeiro 24, 2007
Santa Paula

Foto: Arthur Zip
Sem carteira e sem gravata.
Depois do tumulto nas calçadas,
quando o vento varre o lixo,
o que restou da multidão.
E a exausta madrugada,
de maldita for beata,
for como a noite passada,
de prazer e inspiração.
Talvez te encontre desarmada,
longe do crime,
quase calada.
Refeita da culpa,
que não é tua,
pois te sugam sem perdão.
E se faz jus a fama de intratável,
de cruel e incansável,
quem enfrenta tua selva,
há de conhecer teu coração.
Cresci no teu concreto,
de olho na tua riqueza,
te vi perder a beleza,
para alimentar tantos irmãos.
Tua verdade não tem mistério,
aqui não se ama de graça,
e se todos pagam o preço
é porque sobrevivência é teu brasão.
domingo, janeiro 21, 2007
Por fim

Foto: Luis Miguel Afonso
Te encontrarei em um dia de sol desenhado pela chuva
e, ainda aquecida por seu calor,
sem te tocar,
saberei da coragem e,
por fim,
te direi claramente,
o quanto te quis.
Mesmo que não lembre mais,
mesmo que não sinta mais,
mesmo que assim não o queira.
Revirarei meus sentimentos,
meus papeis,
minhas fantasias,
e, enfim
e para sempre,
te encontrarei.
Te encontrarei em um verso,
te encontrarei em uma lembrança,
te encontrarei em um pôr-do-sol.
Porque muitos ainda virão,
porque a chuva seca,
porque a noite só encobre o dia,
porque o sol só morre para os olhos,
porque só a despedida é certa,
na estrada incerta.
Porque houve um encontro.
E se breve, também marcante.
E se intenso, também frágil.
E se sem começo, também sem meio.
E se irreal, tão bem escrito [ou não],
que te encontrarei.
Te encontrarei,
por fim.
quarta-feira, janeiro 17, 2007
O trem

Foto: Dada Moreira
Assim como a manhã,
Que sempre vem.
Irei despertar e sem perceber,
Não lembrarei de quem quero bem.
Não que irei querer mal,
Ou querer outro alguém.
Só imagino um despertar,
De uma noite que se dormiu bem.
E quando acordar
Nesta manhã,
Que parece,
Nunca vem,
Arrumarei o quarto,
Trancarei as portas,
E sem bagagem,
Enfim,
Pegarei o trem.
Entrarei no trilho,
Para alcançar um destino,
Exatamente como convém.
Gozar da tranqüilidade,
Ao som do apito do trem.
segunda-feira, janeiro 15, 2007
Acreditar em poesias

Foto: Reinaldo Ferro
Se acredito em poesia?
Na doçura de um verso
alegrar alma vazia.
No tempo gasto em rimas,
que não pagam a conta do dia?
Se acredito em poesia?
Na busca de belas palavras
para escrever coisas malditas.
Na escrita como uma estrada
e a imaginação uma saída?
Se acredito em poesia?
Se permito a realidade malvada
fazer papel de boazinha,
e não vejo sentimento como piada.
só porque foi traduzido em letrinhas?
Se acredito em poesia?
Na lucidez da palavra,
mesmo colhida na boemia.
Em confortar a dor que cala
com um pouco de fantasia?
Se acredito em poesias?
Não sei.
Talvez não deva também.
Mas um descuido e a rima vem,
Vuelvo a creer em poemas,
e em brujas también!
sábado, janeiro 13, 2007
No meio da rua

Foto: Antonio Melo
Um cavalheiro,
De gestos educados,
Um homem generoso,
Que conduz com louvor.
Encontra uma mulher na rua,
Que não mede as palavras,
Perde os modos,
Não esconde a dor.
E a toca,
Mas é um frágil delírio,
Pois só reconhece nela,
A falta de pudor.
Teme por seu destino,
Não o quer exposto à rua,
Onde até as vadias,
Servem para o amor.
quinta-feira, janeiro 11, 2007
De graça

Foto: Miguel
Tem gente que gosto de graça,
Pela graça de ser gente,
De me lembrar que também sou,
Gente que freqüenta a minha casa,
E sempre traz de presente,
Algo de valor.
E é tanta gente,
De tanta raça,
A entender a desgraça,
Como um outro sabor.
Tão raro e precioso,
Como um monte de gente,
Que a gente gosta,
E gosta da gente,
De graça,
Como é o amor.
quarta-feira, janeiro 10, 2007
Sorte dos passarinhos

Foto: Rui Vale de Sousa
O chão da minha casa tem manga,
É até doce de pisar,
No verão, quando aquece,
A mangueira vem sempre ensinar.
Ela dá frutos a quem lhe pede,
Confesso, é pouca gente a apreciar,
A manga é doce, mas tem fiapos,
Tem gente que nem quer provar.
Sorte dos passarinhos,
Que visitam meu lar,
Todo dia tem frutinha,
Disposta a os alimentar.
terça-feira, janeiro 09, 2007
domingo, janeiro 07, 2007
Para sempre

Foto: Claudio Pinto
Amigo,
Uma coleção de abraços,
De boas conversas,
Lembranças sem dor.
Colo,
Onde a tristeza não se esconde,
E lá aprende,
A ter bom humor.
Abrigo,
Que se busca pela vida,
Onde ensaia se novas saídas,
Descobre se o valor do amor.
Terra,
Semeada na medida,
Para ser fértil e generosa,
Às vezes mais que um irmão,
Fruto,
Tão raro e perfeito,
Que nem o tempo ousa,
Apagar do coração.