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Novas postagens pelo menos aos domingos. Será uma honra a reprodução de qualquer um dos poemas na web, mas peço o favor de manter a autoria (Mari Marinaro), a integra (título e versos) e, se possível, o endereço do blog. Obrigada, Mari Marinaro TODOS OS POEMAS POSTADOS TÊM O DIREITO AUTORAL REGISTRADO NA BIBLIOTENA NACIONAL
domingo, dezembro 31, 2006
terça-feira, dezembro 26, 2006
segunda-feira, dezembro 25, 2006
sexta-feira, dezembro 22, 2006
Suave como a Brisa

Foto: Cesar Braga de Oliveira
Qualquer dia serei suave como a brisa,
E partirei com o vento.
Serei leve como o ar.
Despida das palavras,
Não saberei falar,
Nem terei o que dizer.
E quando chorar,
Um corpo hei de molhar,
E não será o meu.
Neste dia serei lúcida,
Como o destino,
E com a mente vazia,
Escutarei o coração,
Ecoar na minha boca,
A emoção de alcançar o dia,
Não esperar por próximos,
Reconhecer-me partículas,
E desaparecer na multidão.
quinta-feira, dezembro 21, 2006
quarta-feira, dezembro 20, 2006
terça-feira, dezembro 19, 2006
Eu te conheço e você?

Foto: Ana Maria Russo (Cegueira)
Eu te conheço,
Mas quanto te vejo,
Não cumprimento,
Não fito teus olhos,
Não movo os lábios,
Nem te reconheço.
Mas te conheço,
Sei que conheço,
Lembro do começo,
Apesar de não entender o fim.
E mesmo te conhecendo,
Reconheço que hoje,
Isso pouco vale para mim.
E se é no conhecimento que mora o respeito,
Agora entendo, você,
É que nunca soube de mim.
sábado, dezembro 16, 2006
Dez Minutos

Foto: Adilson Faltz
Preciso de um abraço de dez minutos,
Em dez minutos recupero os sentidos,
Que sempre perco quando o abraço se dá,
Em dez minutos fico mais forte,
Tenho certeza,
De quanto é bom abraçar.
Dez minutos.
Um abraço de dez minutos,
Há de bastar.
Dez minutos para a vida pulsar.
Dez minutos comprimidos nos braços,
Dez minutos em uma só temperatura,
Atados,
Ininterruptos,
Esquecidos.
Aquecidos pelo tempo,
Que por dez minutos,
Resistirá em passar.
quarta-feira, dezembro 13, 2006
Imagem

Foto: Luis Pais
No espelho vejo uma imagem,
Ela não tem medo,
Não tem dor,
Não ama.
Provoca.
E é absoluta,
As palavras não a transformam,
Nem sempre a compõem,
Não lhe fazem frente,
A imagem é uma informação inegável,
Domina a mente,
A conduz,
E se é marcante,
Sedutora,
Ou repulsiva,
Não é a morada da verdade,
É seu esconderijo.
Um perigo,
Um abismo,
Uma leitura incompleta.
Às vezes,
Um grande engano.
domingo, dezembro 10, 2006
Uma janela

Foto: Adriana Oliveira
Uma janela vale uma vida,
Uma vida abre uma porta,
Uma porta serve a rua,
Uma rua cruza a outra,
Uma outra leva quem amo,
Amo tantos buscando alguém,
Quem saiba falar bobagem,
Coragem, que poucos têm.
Amém diz quem tem medo,
Ledo engano que convém,
Mas quem enfrenta o medo,
Cedo sofre o que o outro tem.
Trem bom é compreender a sorte,
De ter norte e amar alguém,
A quem não espere a morte,
E suporte, ser feliz com o que tem.
Nem que seja a esperança,
Na diferença do que se funde,
Confunde, quem não vê graça,
Na raça, de quem fecunde.
Se curve, a quem mereça,
E esqueça, quem for confuso,
Se o fuso faz diferença,
A crença tem pouco uso.
No mundo sempre desando,
Ando buscando refúgio,
Não fujo, mas persigo um diabo,
Que dê cabo e não fuja do assunto,
E junto à paixão que diverte,
Converte o amor que procuro,
Mas no escuro, quem é que enxerga?
A brecha, que ameaça o muro.
E rumo conforme o discurso,
Mas em curso, todos pagam o preço,
Do apreço, que vai lá no fundo,
No fundo, tudo é só recomeço.
Começo sempre pelo amor,
A dor que não quer ser contida,
Habita além da janela,
Uma janela vale uma vida.
quarta-feira, dezembro 06, 2006
terça-feira, dezembro 05, 2006
segunda-feira, dezembro 04, 2006
domingo, dezembro 03, 2006
Exagero

É bem mais fácil sofrer em versos,
Eles que sofram,
Que cansem de mim.
Se inundo folhas com palavras,
Meu exagero,
É repartir.
Tem leitor que entende,
Tem quem se ofende,
Tem quem goste,
E quem não lê até o fim.
Escrevo o que sinto,
Não sinto o que escrevo,
Sinto pela confusão,
Só a descrevi.
E se o tanto que sinto,
Tanto incomoda,
Sinto,
Se comprometi.
Inventei moda para ser feliz.
Meio fora de moda.
Meio fora de foco,
Meio poesia,
Meio uma lorota,
Talvez seja assim.
De cada lugar se tem uma vista.
Uma paisagem,
Uma inspiração.
Aqui de onde escrevo,
Tudo é muito claro,
É tanto exagero,
Que não há confusão.
Dor é dor,
Alegria é alegria.
E tem final de dia,
Que é solidão.
sábado, dezembro 02, 2006
Medo da morte

Foto: Pedro Pereira
Não existe o medo da morte,
Da morte que carrega o fim,
Quem vê medo na morte,
É da vida que segue a fugir.
Não tenha medo da morte,
Pois a vida não é mais que um pavio,
E há de aprender que a morte,
É só filha caçula da vida, por um fio.
E se esquece o medo da morte,
Perceberá o que corre em ti,
A promessa do tempo que não dorme,
E acorda os caminhos a seguir.
E espero que entenda que a vida são muitos dias,
E que a morte cabe em apenas um,
Por isso saiba não é da morte,
Que teme todos os dias, menos um.
E quando descobrir não o medo da morte,
Mas da vida que não quer para ti,
Não descanse, siga a passos fortes,
O destino que não quer te ouvir.
E os dias onde não há morte,
Mas vida, muita vida ainda por vir,
Não há de temer mais o encontro com a morte,
Pois ao chegar, será a noite da vida a se esvair.
E na estrada que leva sempre vida e morte,
Saberá o que deve cumprir,
É viver a vida que brota apesar da morte,
Que tenta roubar a vida que há em ti.
Letrinhas para um maestro

Foto: Ricardo Verde Costa
Todo dia desenho umas letrinhas,
Que sonham ganhar vida,
Na corda de um violão.
São letrinhas que marcam o tempo,
O pulsar do coração.
Mas pobrezinhas,
São só letrinhas,
Como se atrevem,
A virar canção?
Tão miudinhas na minha folha,
Mas poderosas no violão.
Letrinhas,
Que às vezes até emocionam,
Mas sabem que é com melodia,
Que tiram do chão,
Um punhado de rabiscos
Atrás de rima,
Querem tanto entrar no tom.
E vale raggae,
Valsinhas e rock,
Até samba-canção.
O ritmo das minhas letrinhas,
Segue o movimento
Da sua mão.
Natal em família

Foto: Duarte Freitas
Família à mesa,
Ceia posta,
Emoções expostas.
Não faltam histórias a repartir, a retomar, a dividir.
De criança, para cada uma das primas
Muitos dias a recordar.
Dias de piquenique, de pesca e “tortilla”.
Dias para ficar.
De cada um vivido veio uma mãe.
Uma vida, uma lembrança.
Sempre novas conversas,
E outro tanto de esperanças.
À mesa, chega gente crescendo,
Gente que se cansou,
Gente de hoje igual à ontem,
No rosto e no coração.
E na ceia,
É servida alegria, regada a tristeza,
Magia de amor de família,
Família só de princesas.
Princesas que se casaram
Que repartiram,
Que se lograram.
Princesas que nem vingaram,
Enquanto outras reinaram.
A festa é feita, sem sapo, é certa, esta pronto!
Família a mesa,
Ceia posta,
Emoções com respostas.
Mas a cada nova ceia,
É menos um coração que bate,
É mais uma história que termina,
Uma saudade que se combate.
E nos lugares vazios,
Onde não há de caber a solidão,
A família serve seu fardo à mesa,
Nunca no coração.
Pressa

Foto: Luis Zilhão
Desculpe-me a impaciência
é que a essa altura
tenho pressa,
e nenhum motivo para aprender a esperar.
Sinto a falta de jeito,
esse atropelo,
mas cansei de chorar.
Dá licença
meu destino me espera,
mesmo sem saber onde está.
Nessa vida, me distrai a viagem,
pois cada paisagem tem seu particular.
E se é sempre breve o meu descanso
é que o caminho é longo,
não posso ficar.
Quem sabe qualquer dia destes,
no meio da estrada,
no fim da linha,
mais alinhada,
com calma,
volte a sonhar.
Tempo tolo

Foto: Gonçalo Lobo Pinheiro
Tempo,
não seja tolo.
Me perdoe,
pois não zombo de ti.
Só não entendo essa mágoa à toa,
para mim, covarde
é quem só pensa em partir.
E se me esconde as intenções,
e eu sem tempo as esqueci.
Porque me faz correr atrás de ti agora,
e me reserva como paga,
ameaça ao tempo que está por vir?
Logo eu,
que nunca perdi tempo,
só te julguei sem fim,
quer o posto que daria a um velho amigo,
que não tem mais tanto tempo para mim?
Será que esquece,
o quanto já foste bondoso,
um amante generoso,
quando eu nem pensava em ti?
Ora tempo,
não seja tolo,
sempre te amei
e jamais ousaria por a culpa em ti.
Mas sei quando não me perdoa,
o que pensa e nunca me diz,
que te entregaste esse tempo todo
e eu só fiz de ti o que bem quis.
Só um menino

Foto: Helder Almeida
Meu menino não é um anjo,
nem um gigante,
só um menino que sonha em domar um dragão.
Ele é igual a muita gente,
que brinca de enfrentar leão.
E por ser pequeno
há quem confunda,
tamanho com imensidão.
Mas meu menino só voa alto
porque se arrisca a desenhar avião.
E entre tantos vôos rasantes
não foram poucos
os que o levaram ao chão.
Mas meu menino,
como tantos,
chora e levanta
se lhe dão a mão.
É um menino,
de espada em punho,
às vezes um grande urso,
um valentão.
Mas tem noite,
que dorme encolhidinho,
como qualquer menino
com medo de bicho papão.
E se ele se arrisca
na corda bamba,
o que ele quer é tocar violão,
afinado com o menino,
que sempre bagunça meu coração.
Poema?

Foto: Vanda Malvig
O que é um poema?
Delírio de poeta,
brincadeira de palavra,
trocadilho de sentido,
aventura em dicionário?
O que é um poema?
é a inspiração semeando palavras,
é o exagero do sentimento,
ou a fuga de quem se cala?
E o que traz um poema?
revela quem o assina,
traduz o que ele vê,
ou confunde quem se fascina?
O poema concluído tem vida própria,
domina quem o escreve,
resiste a realidade,
promete o que não deve.
O poema suplanta o autor,
fantasia quem o inspira,
trai o criador.